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O fim dos jogos em mídia física começa a ficar próximo!!!

Por Gabriel Almeida

O surgimento, assim como o desaparecimento das mídias é um dos diversos processos que ocorrem de acordo com o tempo e a ação do homem, já que a indústria sempre pesquisa novas tecnologias para tornar os hábitos do consumidor mais simples e transmitir a informação de uma maneira mais rápida e com menor custo. As revistas, os livros, os jornais e os CDs, mídias mais tradicionais e com a qual os leitores aqui têm contato, sofrem com o advento de inovações como as publicações digitais (muito derivadas da chegada dos tablets ao mercado) e os e-books e a transformação dos hábitos culturais decorrentes da Internet, em que cada vez mais as pessoas deixam de pagar para ter acesso à informação e a conteúdo, além de uma ameaça constante chamada pirataria.

No segmento de jogos também há uma situação semelhante. Hoje, as produtoras se veem em uma luta para obter cifras extraordinárias com o mercado paralelo cada vez mais em alta, os hábitos de consumo de jogos em si também mostram-se um adversário poderoso contra a questão do sucesso das empresas e é cada vez mais difícil conquistar o consumidor. E o alvo que deverá ser atingido para que as companhias tenham uma maior estabilidade financeira agora são os jogos em mídia física.

As empresas de jogos pretendem acabar com a distribuição padrão dos jogos eletrônicos, que é fornecer o produto no varejoem versão completa, gravado em mídia física e embalado. Claro que este processo se dará de maneira gradativa, mas já existem alternativas sendo testadas para que este modelo de negócios seja deixado de lado.

 É impossível não mencionar o Steam nesta discussão, já que ele foi o pontapé desta mudança e hoje é uma realidade que transformou o comércio dos jogos eletrônicos ao vendê-los via download pago. Criado em 2004, hoje o Steam possui números impressionantes. Domina quase 70% do mercado total de jogos para PC, o qual atingiu US$ 4 bilhões no ano passado e obteve a marca de US$ 1 bilhão em vendas em 2010, conforme divulgado pela Forbes. E no primeiro semestre de 2011, foram mais US$ 468 milhões que entraram na conta da Valve, 139 mi a mais que no mesmo período em 2010.

É uma alternativa interessante para as empresas utilizarem esta plataforma, já que há redução de custos, principalmente ligados à produção de embalagem e à distribuição, mas inserir o jogo no catálogo doSteam não é uma medida que determina o sucesso de um título. É por isso que os produtores estão buscando caminhos que conquistem a atenção dos jogadores sem ter de esperar que o consumidor se disponha a ir até alguma loja e gaste as próprias economias.

Alguns estúdios agora se utilizam de um conceito de oferecer o jogo incompleto. Parece um pouco absurdo para nós jogadores, já que qual o motivo que nos faria comprar algo sem estar finalizado? Mas por incrível que pareça há um exemplo que conseguiu quebrar esta escrita e fazer muito sucesso com esta proposta, e ele se chama Minecraft.

Minecraft é um jogo em que você pode criar qualquer coisa que lhe vier à cabeça montando-as com bloquinhos. Foi lançado ao mercado em versão beta, ainda não está nem perto de ser concluído, mas já conseguiu ser vendido para exatas 3.076.118 pessoas desde a última vez que conferi o site oficial do jogo para escrever essa reportagem. O motivo do sucesso foi oferecer uma ideia divertida e um jogo a um preço pequeno ao consumidor, pelo fato de que não está finalizado. Ao invés de contar com uma campanha de marketing agressiva e ser lançado em lojas, seus criadores gastaram uma pequena verba em publicidade e contaram com um tremendo buzz gerado no Youtube a partir de vídeos e presença nas redes sociais e em fóruns. E o melhor de tudo: cativou o consumidor de forma impulsiva, sem ter de criar aquela expectativa ao longo de vários anos de produção.

Este tipo de operação é válida no mercado dos jogos para PC porque a plataforma é de certa forma “independente”. Não há uma gigante como Sony, Microsoft ou Nintendo para ditar o que deve ou não ser feito, ou se algo é viável ou não. Desta maneira, o PC será o segmento que provavelmente irá receber as novidades relacionadas à distribuição de jogos eletrônicos. Mas já vimos iniciativas diferentes no que diz respeito aos consoles.

A Microsoft talvez tenha sido a primeira empresa a vender um jogo em capítulos. Em setembro de 2009, através da Xbox Live, Bill Gates e companhia disponibilizaram Fable II em episódios. Hoje a mesma ideia foi adotada pela Telltale Games, ao lançar o mais recente jogo da trilogia De Volta para o Futuro da mesma maneira na Playstation Network. Parece uma ideia absurda dividir um jogo em pedaços, mas há um fator interessante em optar por este método de distribuição.

O consumidor nem sempre gosta de todos os modos de jogo em um título, às vezes só joga determinado jogo por causa da aventura singleplayer ou da opção online. Ao invés de forçá-lo a comprar o jogo por completo, fragmentar o jogo é uma opção para cativar aqueles consumidores que não investiriam as próprias economias na versão full, já que os jogadores hardcore de determinada franquia comprarão o jogo de qualquer forma.

Além disso, o número de jogos de baixo custo com uma melhor qualidade para o consumidor aumenta consideravelmente. A própria Electronic Arts, como já mostramos em uma matéria aqui (Electronic Arts rejeita o suporte à tecnologia 3D, 29/07/2011), sugere que um dos principais caminhos a serem trilhado pela empresa são os jogos sociais. E pelo jeito eles não estão apostando à toa. The Sims Social, jogo da série que ainda não foi lançado no Facebook, já tem mais de 3 milhões de pessoas que se cadastraram na página da rede social. Ou seja, é impossível ignorar essa concorrência.

A mudança na distribuição dos jogos também está atrelada a um dos grandes problemas no mercado dos consoles, do ponto de vista das produtoras, que é o mercado de usados. Ao oferecer novas alternativas, a indústria poderá frear o comércio dos jogos de segunda mão, algo que até o momento é feito somente através dos famigerados online passes. Este é um caminho já visado pela Electronic Arts também, pois cada vez mais a companhia investe na divulgação da loja online que detém, a Origin e a Blizzard está seguindo a mesma rota, ao concentrar os próprios esforços em criar uma rede social para usuários dos produtos da marca, em que os títulos da produtora serão oferecidos através de download, evitando as prateleiras.

 Além das alternativas mencionadas acima, um outro conceito a ser pensado para uso futuro é o que a empresa OnLive já propõe para os norte-americanos. A OnLive fornece consoles em que é possível jogar diversos títulos simplesmente acessando a loja online no menu do aparelho e fazer o download dos jogos que você quiser, pagando uma taxa mensal. Claro que ohardware do aparelho é muito mais simples que o de um Playstation 3, mas ele oferece uma oportunidade para aqueles que não querem desembolsar vários dólares para jogar jogos e não se importa com gráficos a ter a oportunidade de jogar franquias conhecidas como Assassin’s Creed, Deus Ex e outras a um preço muito mais convidativo.

Já se sabe que hoje não é necessária uma tecnologia fabulosa para produzir um jogo que conquiste as pessoas, vide o desejo que os jogadores têm de manter seus consoles antigos ao lado dos aparelhos da atualidade, além dos jogos oferecidos na Playstation Network, como LimboCastle Crashers, Scott Pilgrim vs. The World e muitos outros. Portanto, Sony, Nintendo e Microsoft tem uma oportunidade de ou adaptar a prática ideia da OnLive para criarem os seus próprios consoles ou começar a projetar os aparelhos next-gen a uma condição em que os jogos em mídia física fossem desnecessários.

Resta saber agora se a futura geração de consoles se aproveitará destas potenciais alternativas e utilizá-las de fato. Há espaço para novas ideias e a empresa que souber tirar proveito dos novos métodos de distribuição, principalmente em relação à venda de jogos por download, estará um passo à frente de suas concorrentes.

Fonte: Game Generation.

Análise Watchmen | Com quantos quadros se faz uma obra-prima?

Por Gabriel Almeida

Entre 1986 e 87, as 12 edições de Watchmen cairiam como um assombroso e impressionante cometa, destruindo paradigmas e conceitos muito bem estabelecidos em mais de 40 anos de cultura de heróis fantasiados.

A inédita perspectiva de Alan Moore, aliada à arte de Dave Gibbonse cores de John Higgins não só se tornou um sucesso instantâneo de crítica dentro e fora do mundo dos quadrinhos, mas como também um fenômeno de vendas que colocou a DC Comics, mesmo que temporariamente, à frente da campeã Marvel Comics.

O que inspirou Alan Moore foi justamente o período de Guerra Fria em que o mundo vivia: o medo constante de que uma guerra entre super-potências começasse repentinamente com bombas atômicas (as chamadas A-Bombs) afetava a todos, mas muitos viviam sob a perspectiva de que deveriam fazer tudo aquilo que quisessem por conta dessa visão apocalíptica em que vivia o mundo. Tendo em vista todo o contexto político-social, vamos à história!

O ano é 1985 e o crime está maior do que nunca, principalmente na cidade de Nova York. Roscharch (um dos personagens principal) vai nos contando aos poucos tudo o que se passa através de seu diário. E tudo só começa pela morte de um dos “Vigilantes” (a melhor tradução para ‘Watchmen’) é morto, levando Roscharch acreditar que há um assassino desses justiceiros mascarados (já que todos os Watchmen, apesar de não denominarem a si próprios como tal). Começa então toda uma busca por esse assassino além de uma não aceitação desses vigilantes pela população. Apesar de ser uma HQ de heróis, o único que possui super-poderes é Dr. Manhattan, um rapaz que ao entrar em uma máquina de aceleração de partículas, conseguiu dominar todos os átomos, levando em sua testa o sinal do átomo de hidrogênio. Ele é a maior arma dos Estados Unidos e quando, por uma questão muito humana que ele não consegue entender, ele perde a namorada e se refugia em Marte, os Estados-Unidos se sente ameaçado e nunca o mundo se sentiu tão próximo do fim do mundo como naquele instante.

É esse novo olhar para o herói que Alan Moore dá que torna “Watchmen” tão único e especial. Eles não lutam com super-vilões ou têm arqui-inimigos como o “Superman” ou o “Batman”, mas lutam contra a própria sociedade e a sua corrupção. Humanos normais que resolvem fazer justiça com as próprias mãos em meio a um caos é, digamos, um charme único dessa HQ.

Há ainda toda a estética do quadrinho, os desenhos e suas cores chamativas. Algumas cenas que ficam somente na sugestão no lugar de serem dadas de cara é também algo surpreendente: Moore não precisou usar litros de sangue e cenas grotescas para consquistar o seu público.

Em uma homenagem à Era de Ouro dos quadrinhos, os Minutemen surgem na mesma época, entre os anos 1930 40, como a primeira expressão do vigilantismo mascarado. No entanto, a análise em questão ainda não está no comportamento de super-seres, já que não existe nenhum no primeiro grupo de heróis, e sim no de pessoas comuns, que escolheram se fantasiar e combater o crime.

Mas até mesmo a idéia de usar uma fantasia para bater em bandidos é analisada e ridicularizada na sociedade de Watchmen, como seria na nossa. Um dos membros do grupo, o Coruja, relata que quase morreu quando um bandido deslocou sua máscara, tapando sua visão. Quem não teve tanta sorte foi Dollar Bill, que teve sua capa presa em uma porta e morreu sob tiros de assaltantes de banco.

Detalhes bizarros muito bem construídos por Alan Moore, que se refere a tudo isso como uma piada cínica sobre super-heróis.

Que motivações reais poderiam levar alguém a este ponto? E de que forma eles se relacionariam entre si e com a sociedade? De que forma seriam diferentes de políticos, policiais, milícias ou qualquer grupo de autoridade que conhecemos? A resposta é: Não seriam.

Como é que a Psylocke, desfilando na Mansão Xavier de maiô cravado na bunda, nunca ouviu um comentário maldoso doWolverine? Em Watchmen, a questão sexual dos mascarados não é só debatida, como levada até as últimas consequências.

Essa discussão se aprofunda muito mais com o surgimento do Dr. Manhattan em plena guerra fria, o único super-ser de fato, que é o cerne do argumento, muito bem estabelecido na trama pela referência: “Deus existe e ele é americano.”

Neste ponto começam as verdadeiras mudanças sociais e históricas em Watchmen, afinal como poderiam os EUA serem humilhados no Vietnã quando aliados a um deus?

Estabelecido o parâmetro díspar, o resultado dessa equação é um 1985 muito distante do que conhecemos. Tanto pelo progresso científico proporcionado pela mente e habilidades do Dr. Manhattan quanto pelas implicações políticas dos novos heróis.

No entanto, este admirável novo mundo se inclina mais para uma distopia que o contrário, quando o romantismo dos vigilantes mascarados se desfaz em consequências sociais que levam a uma greve da polícia, em protesto contra as insustentáveis e questionáveis atividades mascaradas. O resultado é a Lei Keene, colocando o vigilantismo na ilegalidade.

Qualquer autoridade responde a uma superior. A polícia responde ao governo, o governo responde ao povo. E os mascarados? A quem respondem? O que acontece é um resgate natural e do pensamento do poeta romano Juvenal “Quis custodiet ipsos custodes?” ou“Quem guarará os guardas?” ou “Quem vigia os vigilantes?”.

Como constantemente pichado nos muros da cidade: “Who watches the watchmen?”.

Aliás, essa é a única menção do nome Watchmen na história. Na verdade, nunca houve um grupo oficial de heróis depois dosMinutemen, apenas uma tentativa de formar o que seria chamado de“Combatentes do Crime” em 1966, com a segunda geração de heróis.

Estes trabalharam sozinhos ou em parcerias temporárias, mas nunca funcionaram como uma equipe.

O mais interessante são os mergulhos feitos nas origens de cada um desses personagens durante a trama, que revelam-se em cabais desconstruções da figura do herói, e em alguns casos levantam a questão de se o mundo não estaria melhor sem eles.

Personagens:

Dr. Manhattan (Jon Osterman):

O único super-ser. Antes um cientista que teve acidentalmente seu corpo desintegrado em um experiência com campos intrínsecos, acabou se reconfigurando em uma figura semi-divina.

Pode ser considerado um benefício ou um perigo para a humanidade. Em tese, sua presença era uma mensagem clara aos comunistas de que a América detinha um poder supremo e indestrutível. Por outro lado esse poderia ser mais um motivo para a aceleração da corrida armamentista e a precipitação de uma guerra nuclear.

Mesmo com seus poderes quase ilimitados e sua onipresença temporal, o Dr. Manhattan vive em uma balança entre suas emoções humanas e sua indiferença divina. É sem dúvida o personagem mais complexo e enigmático de Watchmen. Talvez o salto mais extenso de Alan Moore na contemplação do imaginário, da filosofia e da ficção-científica.

Roscharc (Walter Kovacs):

Seu codinome é atribuído ao fato de sua máscara (ou face, como ele mesmo diz) mimicar os testes psicológicos de Hermann Rorschach, feitos através de pranchas com manchas de tinta simétricas.

Assim como o Dr. Manhattan representa o poder do Super-Homem,Rorschach é um retrato mais realista de Batman neste universo. Segundo Moore, um investigador com traumas de infância e consequências muito mais densas, que resultam em um homem de valores distorcidos, obsecado por uma vingança impalpável e em constante agonia psicológica.

A história de Rorschach é a mais assustadoramente real de todas e acontece todos os dias com milhares de pessoas. O tamanho da psicose em sua mente é um efeito irrefutável de sua aterradora vivência. A única diferença e que ela foi direcionada à punição do mal. Ou assim ele pensa.

Comediante (Edward Blake):

Podemos ver uma versão niilista do Capitão América encarnada no Comediante, aliás, talvez uma das faces mais verdadeiras da America. Cruel, cínico, egoísta, o Comediante é muito parecido com o Coringa de Batman – O Cavaleiro das Trevas (filme), ignorando convenções sociais e em sua crença de abraçar o caos para realmente entender como o mundo funciona.

Espectral II (Laurie Júspezyk):

É uma bagunça emocional. Influenciada pela mãe (Espectral dos Minutemen nos anos 40), assume seu legado sem realmente entender as consequências disso. Era um caminho fácil e estava à sua frente, parecia lógico e justo, mas como em muitos casos reais, foi uma escolha que a acabou levando a uma vida vazia.

Ozimandias (Adrian Veidt):

Inspirado em Alexandre, o Grande, Veidt foi um herói idealista, mas incompreendido. Mas o título de ”homem mais inteligente do mundo” pode ser encarado, a princípio, como uma grande ironia da doutrina americana do consumismo, já que foi o único que se transformou em uma marca. Quase como um político, usou sua popularidade em prol de si mesmo, criando um império de produtos, merchandising e auto-ajuda.

No entanto, do alto do trono de seu império, Veidt se apresenta em sua intimidade sempre com uma expressão de tristeza e melancolia, como se soubesse que há algo terrivelmente errado com toda essa situação.

Coruja II (Dan Dreiberg):

Talvez o mais sensato da nova geração de vigilantes, também faz alusão a Batman fantasiando-se como um animal noturno e com uma garagem cheia de gadgets. Mas em contraponto, suas motivações são românticas, baseadas em seu gosto por histórias de heróis e admiração por Hollis Mason (Coruja dos Minutemen).

No entanto, depois da Lei Keene, que tornou os heróis ilegais, se aposenta e vive uma vida sem propósito, à beira da depressão.

Vilão Invisível:

Apesar de existirem adversários tão loucos e fantasiados quanto os próprios vigilantes, em Watchmen, a falta do super-vilão desequilibra a equação debatida anteriormente. Sem super-desafios, restam aos heróis combaterem a intangível tragédia social que os cerca.

Mais uma vez cabe o questionamento: Qual é a eficácia de um herói sem vilão?

Seria a mesma de querer curar uma doença com analgésicos. Por mais que os vigilantes espanquem, prendam ou matem líderes do submundo, assim como acontece com polícia e bandidos na vida real, a verdadeira solução nunca é alcançada. Não há dedos suficientes para tapar todos os buracos de uma represa prestes a romper.

O ponto mais importante levantado por Alan Moore na série, é justamente como salvar a humanidade de si mesma. E qual é a relação desses malucos fantasiados com esta verdade? De que forma eles realmente poderiam fazer a diferença? E até onde eles mesmos foram responsáveis pelo caos que os cerca?

A Riqueza de Um Universo:

Watchmen conta uma intensa história de conspiração e mistério que se mantém até a última edição. Mas não é só no Thriller que está a riqueza da Graphic Novel.

Alan Moore e Dave Gibbons criaram um universo inteiro, cheio de detalhes, signos e tantos níveis de compreensão, que é comum ainda ser surpreendido na 3ª ou 4ª releitura.

Apesar do relógio do apocalipse se aproximando da meia-noite ser um forte símbolo, a série acabou sendo representada pela imagem do Smiley Face, a carinha feliz manchada de sangue, que é um ícone perfeito para o motivo da série, a desconstrução do inocente universo dos super-heróis em uma fria e cruel realidade.

smiley pode ser visto por toda a série como um tema recorrente, desde em faíscas de cabeça para baixo nos hidrantes elétricos, até na cratera de Galle em Marte (que realmente existe).

O espirro de sangue também se repete, às vezes como água, tinta ou mancha. Sempre presente em elementos significativos da trama, como um aviso, como uma exclamação.

Moore e Gibbons também mergulharam em uma viagem metalinguística inesquecível em Contos do Cargueiro Negro.

Através de um jornaleiro de uma banca de jornal de esquina, o leitor é apresentado ao cotidiano das pessoas comuns, indo e vindo, discutindo manchetes de jornais, seus medos e angústias. Em meio a tudo isso, um rapaz lê uma revista em quadrinhos.

A história dentro da história funciona como um artifício de sincronia entre fantasia e realidade, descrevendo paralelos entre o marinheiro perdido e as motivações e psiquês dos vigilantes de Watchmen. Também é uma brincadeira com o próprio universo.

Idéia de Dave Gibbons, em um mundo em que heróis mascarados existem de verdade, a fantasia dos quadrinhos fugiria deste tema, já saturado pela imprensa e medos populares, desviando-se para outros mitos, como por exemplo, histórias de piratas.

Watchmen sempre foi considerado por muitos como uma obra infilmável. O próprio Alan Moore defende isso até hoje. Aliás, essa foi, em espírito, sua intenção declarada ao escrever uma história repleta pequenos e minuciosos detalhes, easter eggs, múltiplos níveis de narração e compreensão.

O fenômeno justifica-se não só pelos seus méritos técnicos, mas como por influência que pode ser vista até hoje nas HQs Os SupremosAlias (a detetive ex-Vingadora), Poder Supremo e outros selos adultos Marvel. E também fora delas, como por exemplo emLost (influência declarada pelos produtores), HeroesOs Incríveis e na narrativa realista dos novos filmes de Batman, de Christopher Nolan.

Este é o valor de Watchmen, embora possa parecer estranho para quem não se interessa por super-heróis, certamente transcende os círculos de seu meio, como demonstração do pináculo do talento artístico na criação de uma verdadeira obra-prima literária. Mesmo que esteja disfarçada com roupas coloridas e cuecas por cima das calças.

“Watchmen” merece muito mais do que estas poucas linhas para ser apresentado e apreciado. Ele é, de fato, uma história que merece toda a atenção, que já foi voltada no ano passado onde houve a gravação do seu filme (que será o assunto do ‘Review’ de semana que vem). Por isso, se você é fã dos quadrinhos ou nunca leu um mas tem curiosidade, essa é uma ótima opção de leitura!

Minhas Idéias:Por que novo do Superman filme pode ser o melhor de todos?

Por Gabriel Almeida

Se tem um super-herói que precisa de uma grande modernização é o Superman. Tivemos reinícios de franquias com o Batman, o Hulk e agora com o Homem-Aranha, sendo que, de forma geral, podemos apontar que todos foram beneficiados com isso. Superman ainda é um grande ícone entre crianças e adultos, e precisa desta modernização mais do que muitos outros. De qualquer forma, vamos direto ao ponto, com nove razões de por que Man of Steel (Homem de Aço) pode ser o melhor filme do Superman de todos os tempos.

1-) Zack Snyder afirmou que Superman vai “detonar” neste filme:

Não se pode negar que os dois primeiros filmes do Superman, basicamente feitos por Richard Donner (a versão dele para o segundo filme saiu recentemente em DVD) foram a grande luz no mundo dos super-heróis nas telonas. Agora o herói precisa dar alguns socos e mostrar seu verdadeiro poder físico, além de sua simbologia, e o diretor Zack Snyder confirmou que, neste filme, o Superman vai “chutar bundas”.

2-) Christopher Nolan está envolvido e Snyder dirige:

Sim, pode-se dizer que quando se fala de Nolan, não deve haver dúvidas quanto à qualidade. Sua influência pode significar a peça que o Superman estava precisando para um novo filme, e considerando a presença de David S. Goyer nos roteiros (que trabalhou em Batman Begins e Cavaleiro das Trevas com Nolan), pode-se facilmente dizer que o roteiro será fantástico. Zack Snyder já provou que não é um bom escritor, mas sabe dirigir muito bem o trabalho escrito de outras pessoas, além de ter uma fotografia peculiar e fantástica em tela. Com uma equipe dessas, podemos esperar um filme fantastico!

3-) Até agora, os atores são excelentes:

Inicialmente houve grande tensão por parte dos fãs acerca dos atores que seriam selecionados para o filme. Quando os nomes começaram a surgir sem parar, a empolgação e a segurança só aumentam. Temos o inglês Henry Cavill no papel principal (do seriado The Tudors), a nomeada ao Oscar Amy Adams como Lois Lane, os clássicos Kevin Costner como Jonathan Kent e Russel Crow como Jor-El, Diane Lane como Martha Kent e Michael Shannon como o vilão Zod. A bela Antje Traue também está no filme, fazendo a kryptoniana Faora.

4-) Será a primeira modernização real do Superman:

Superman – O Retorno foi mais uma homenagem do Superman da Era de Prata do que propriamente uma modernização do personagem. Agora a chance aparece de verdade para Man of Steel. Os efeitos incríveis de Snyder e o texto que se espera que o filme tenha são a prova que algo diferente está sendo feito.

5-) Os filmes de Donner não se relacionam com este:

Por mais fantásticos que sejam os trabalhos de Richard Donner, chegou a hora de se desvencilhar disso e fazer algo realmente novo com o herói para o público de hoje. É necessário um reboot real, e até agora parece ser isso que a Warner Bros. está mesmo fazendo.

6-) Será o mais contemporâneo possível:

Esta deve ser a mais contemporânea e realista versão do Superman já vista. Ainda não se sabe o novo uniforme do herói, mostrado recentemente no reboot da DC Comics, será também utilizado no filme, mas há grandes chances. A cueca por cima da calça precisa sumir.

7-) Provavelmente focará na origem do Superman:

Muitas pessoas alegam estar de saco cheio de filmes de origens, ainda mais com algo tão bem estabelecido nos filmes de Donner. Porém, se há necessidade de chamar a atenção do novo público (principalmente dos mais jovens), é fundamental que a origem seja recontada. A nova origem deve ser tão importante para o mundo atual como a de 1978 foi para a época.

😎 A aparição do General Zod pode ser fantástica:

Zod já apareceu nos filmes anteriores, e assim como é importante ter um novo Superman e uma nova origem para o público de hoje, restabelecer este vilão clássico com o mesmo enfoque é fundamental e ainda pode gerar o grande conflito que se espera de um filme do Superman.

9-) Man of Steel pode abrir possibilidades para outros vilões:

Queremos ver muitos vilões do Superman nas telas, tais como Brainiac, Darkseid e muitos outros. Com o primeiro filme funcionando bem, a possibilidade disso fica muito maior, pois teria-se novamente uma ótima franquia estabelecida nos circuitos cinematográficos. Uma adaptação da Morte e Retorno do Superman com o vilão Apocalipse pode gerar uma bilheteria incrível, conforme a adaptação animada desta história mostrou em 2007.

O que você, leitor, acha disso tudo? Opine aí embaixo!!!

Man of Steel estreia em dezembro de 2012 com Henry Cavill (Clark Kent/Superman), Amy Adams (Lois Lane), Kevin Costner (Jonathan Kent), Diane Lane (Martha Kent), Michael Shannon (General Zod), Antje Traue (Faora) e Russell Crowe (Jor-El).